04 julho 2014

Resenha - Orphan Black: 2ª temporada


O ano passado a BBC, que já tem ótimas séries britânicas, surpreendeu todo mundo ao começar a investir em uma série americana (Na verdade, a série não é bem americana. Apesar de investimentos da BBC America, a série é canadense e tem co-produção da nativa Space). Desde o início a série tem a qualidade e simplicidade das séries da BBC, mas ao mesmo tempo traz tanto o formato como a temática bem mais voltados para o mercado americano. Trata-se de Orphan Black, a série de clones, que desde que terminou sua primeira temporada tem se espalhado como viral, tornando-se uma potencial grande série daqui a alguns anos.

Não é por menos. A série tem aquela trama cheia de clichês e reviravoltas que uma ficção científica pede, mas ao mesmo tempo consegue ser extremamente divertida, bem humorada e leve, dessas que fica super fácil fazer uma maratona sem nem perceber. Os personagens são extremamente cativantes, o roteiro é todo bem amarrado e faz questão de não deixar pontas soltas, mesmo sempre tendo um gancho para fritar sua cabeça. A direção, aliás, também não falha, e gera cenas icônicas. É fácil dizer que a série é a melhor de sci-fi/fantasia que surgiu nos últimos anos, segmento que já estava saturado de séries com criaturas sobrenaturais e ação barata.

O grande destaque da série, porém, é a tão famigerada Tatiana Maslany. A atriz, que já ganhou vários prêmios da crítica e foi indicada a um Globo de Ouro, faz (nessa temporada, pois varia) 7 personagens, entre protagonistas, coadjuvantes e figurantes, sendo basicamente o elenco todo e aparecendo em quase todas as cenas da série. Ainda sim, sua onipresença não incomoda, pois ela tem a incrível capacidade de se desdobrar em todos os papéis com competência, conseguindo fazer uma cena com ela mesma de um personagem cômico e outro dramático ser não só convincente como muito boa.

Parte desse mérito é também da edição e da maquiagem e figurinos, mas esses, diferentemente de Tatiana, frequentemente demonstram erros, talvez por falta de um orçamento maior. Cenas notoriamente feitas em cromaqui e perucas e próteses mal feitas podem desconstruir a magia da série em uma cena ou outra, mas é quase inevitável que falhas aconteçam, considerando-se a quantidade de trabalho que a série pede.

Trabalho, por sinal, é uma palavra que parece representar bem a série. Orphan Black pode não se tratar de uma grande obra que altera o cenário cultural ou intelectual, como muitas outras séries de mais pompa tentam ser. A série seria na verdade uma criação bem nerd, de trama simples, mas claramente feita com muito esforço de entregar o melhor entretenimento ao público. Público esse que agradece crescendo cada vez mais.